O Ministério Público do Estado do Ceará denunciou, nesta terça-feira (15), três homens em razão da morte de um lutador de boxe durante evento esportivo clandestino em Jericoacoara, em 2023. Dois organizadores do “UFC Jeri” e o então titular da Secretaria Municipal de Esportes de Jijoca de Jericoacoara foram denunciados por homicídio culposo. Durante a luta, a vítima sofreu traumatismo cranioencefálico e morreu. A denúncia foi apresentada pela promotora de Justiça Laura Uchôa.
O caso ocorreu em 7 de outubro de 2023, na Areninha de Jericoacoara. João Victor Penha sofreu traumatismo causado por meio contundente, ao ser nocauteado. A denúncia alega negligência por parte dos organizadores Pedro Henrique Rodrigues do Nascimento e Natanael William de Queiroz Sousa, que não seguiram critérios estabelecidos pelo Conselho Nacional do Boxe (CNB) e outras entidades oficiais, criando um risco fatal para os esportistas. As irregularidades incluíram ausência de supervisão qualificada (árbitro sem registro), falta de equipamentos de proteção (protetores bucais, de cabeça e de ringue), uso de força excessiva (não havia distinção de categoria entre os lutadores) e ausência de exames médicos obrigatórios para os participantes.
Márcio Marcelo Santos, à época secretário municipal de Esportes de Jijoca de Jericoacoara, foi denunciado por omissão ao autorizar o evento sem garantia do cumprimento das normas técnicas específicas. De acordo com a Promotoria de Justiça, o então gestor agiu de forma negligente ao chancelar o evento como vinculado à prefeitura. A materialidade dos crimes foi comprovada com base em vídeos do evento publicados nas redes sociais, depoimentos, laudos periciais e regras técnicas internacionais.