segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Artesanato produzido por internos do sistema prisional do Ceará é destaque da 5ª edição da Feira Nacional de Artesanato e Cultura

Em sua 5ª edição, a Feira Nacional de Artesanato e Cultura (Fenacce), conta com a exposição e comercialização de peças produzidas pela população privada de liberdade do Ceará. Realizada no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, a feira segue até o próximo domingo, dia 1 de outubro. A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP) e a Central de Artesanato do Ceará (CeArt).

Os produtos desta ação integram o projeto “Arte em Cadeia” e “Reciclarte” que é dirigido pela Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso (Coispe). O público poderá conferir e comprar mais de 250 opções variadas de peças produzidas pelos internos de nove unidades que são responsáveis pela produção dos artigos. Peças como almofadas de chita, mochilas de patchwork, jogos americanos de vagonite, produtos em ponto cruz, bolsas de macramê e de crochê estarão disponíveis à venda no estande.

A coordenadora de Inclusão Social do Preso e do Egresso, Cristiane Gadelha, acredita que expor os produtos contribui no processo de ressocialização dos internos. “O artesanato vem fazendo diferença na vida de muitas pessoas privadas de liberdade. Já são mais de 1.400 internos e internas em diferentes projetos realizados no sistema penitenciário do Ceará. É importante a sociedade conhecer o trabalho de ressocialização que vem sendo feito nas unidades prisionais. Além disso, os internos adquirem uma capacitação profissional, aprendem sobre sustentabilidade, pois as peças são produzidas com a reutilização de retalhos, ganham o benefício da remição de pena e futuramente ajudam na renda familiar desenvolvendo seu lado empreendedor para montarem o próprio negócio”, disse.

A coordenadora do Artesanato do Ceará, Patrícia Liebmann, comenta sobre a importância desse evento na vida das pessoas que trabalham nesse ramo. “O artesanato é um setor muito importante da economia não só por gerar renda de forma sustentável, mas por fazer de uma forma que possibilita a inclusão por meio de uma habilidade manual que a pessoa leva consigo para sempre. A Fenacce é um dos maiores eventos de artesanato do País e ter as peças divulgadas, durante seis dias, para compradores nacionais e internacionais, amplia o mercado para esses artesãos e o reconhecimento do projeto da CeArt com a SAP”, conclui.

A cliente Fátima Oliveira comenta sobre a importância de ressocializar através da arte. “Eu admiro todo trabalho de artesanato, principalmente do interno. A ressocialização através da arte é desafiadora, mas vale a pena cada tentativa de mudar a vida dessas pessoas. Acredito que tudo tem um jeito quando se quer de verdade. O artesanato se torna uma forma de renda e oportunidade de ter seu próprio negócio, tornando ainda mais possível trilhar um novo caminho. Parabéns pelo trabalho que estão fazendo dentro do sistema prisional”, disse.

Projeto “Arte em Cadeia”

A arte nas unidades prisionais contribui para o processo de humanização e ressocialização dos internos através dos trabalhos diversificados oferecidos pela Secretaria da Administração Penitenciária. O artesanato tal como outras atividades existentes dentro dos presídios têm reflexo transformador.

O projeto possui a participação de 400 internos na produção, onde nove unidades são beneficiadas. No total, são confeccionadas 2000 peças por mês e distribuídas em três pontos de vendas: Emcetur, Unidade Prisional de Triagem e Observação Criminológica (UP-TOC) e Unidade Prisional Feminina Desembargadora Auri Moura Costa (UPF).Neste projeto, além de aprenderem uma nova profissão, recebem o benefício da remição de pena que garante ao interno um dia de pena a menos a cada três dias de trabalho.

Os recursos arrecadados com a comercialização das peças são depositados no Fundo Rotativo do Sistema Penitenciário Cearense (Furopen), criado pela Lei Estadual n° 17.610, de 6 de agosto de 2021, nos quais são utilizados para manutenção dos estabelecimentos prisionais e para atividades de reinserção social da população carcerária.

Reciclarte

A arte nas unidades prisionais contribui para o processo de humanização e ressocialização dos internos através dos trabalhos diversificados oferecidos pela Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização. O artesanato tal como outras atividades existentes dentro dos presídios têm reflexo transformador.

Além do projeto “Arte em Cadeia”, a Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso também desenvolve o “Reciclarte”. Este projeto teve início na Unidade Prisional Francisco Hélio Viana de Araújo (UP-Pacatuba) e é desenvolvido pela artista plástica Socorro Silveira.

A iniciativa visa implementar uma nova dinâmica de oficinas de trabalho, com a reutilização de resíduos têxteis doados pela empresa Malwee, instalada no sistema prisional, especializada na confecção de peças de vestuário. Os internos são capacitados em várias técnicas de reaproveitamento de materiais recicláveis em suas criações, com foco na sustentabilidade e na promoção da arte a partir da utilização de materiais menos convencionais.

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