segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Queimadas no cariri: Professor fala sobre causas e cuidados relacionados a incêndios nos meses mais quentes do ano

O segundo semestre do ano é a época de maior incidência de queimadas e incêndios florestais no estado do Ceará, principalmente nos meses de outubro, novembro e dezembro. As características do nosso Bioma, como o clima semiárido, marcado por longos períodos de estiagem, baixa umidade do ar e do solo, e a vegetação seca, favorecem o aumento de queimadas nesse período. Mas ainda com essas as condições favoráveis, a população exerce sua parcela de responsabilidade.

É o que explica o Professor, Dr. Basílio Silva Neto, Docente da disciplina de climatologia no Instituto Federal do Ceará (IFCE), campus Juazeiro. “Temos algumas perspectivas. A questão da população que faz uso desse recurso (queimadas) para limpar a terra. Tanto para plantar, como para deixar o local limpo. Então quando você junta isso à umidade do ar muito seca, a falta de nuvens para ter uma condição de temperatura um pouco menor, esses elementos, mais o material exposto, digamos assim, viabiliza a ocorrência de incêndios. Tanto de causas humanas, como quando alguém joga a ponta de um cigarro, ou quando uma pessoa limpa uma pequena área e acaba que isso se espalha, bem como em casos de combustão, provocada por um vidro que ficou no local, por exemplo, que conforme a incidência dos raios solares pode gerar um feixe de luz, e esse feixe gerar uma propagação de incêndio, que não é muito comum, mas, como estamos vivendo com taxas de umidade do ar muito baixas é uma possibilidade.” Destacou, em entrevista ao Badalo.

Os incêndios podem ter várias causas distintas; por isso, é preciso fazer uma análise particular, apesar desses aspectos mais comuns. Há também a questão climática envolvida, entre causas e impactos. Basílio, citou o fenômeno chamado Ilhas de Calor, causado pela relação da baixa umidade do ar, do desmatamento da vegetação nativa e das altas taxas de urbanização, como um possível contribuinte “Então será que a ilha de calor não seria mais importante que o aquecimento global, nesse caso, ou ainda, a ilha de calor não estaria sendo intensificada pelo aquecimento global. Então isso precisa ser analisado, pois não existe um único fator, as causas sempre são múltiplas e precisamos analisar cada ambiente dentro das suas peculiaridades.” Refletiu ele.

O professor falou ainda sobre a educação como forma mais eficaz de prevenir e cuidar dos incêndios, “Então, são questões que a gente trabalha, principalmente com a questão da educação ambiental, porque que é preciso realmente fazer o uso do fogo, haveria outra forma de limpar esses terrenos, talvez os terrenos que tivessem ociosos poderiam ter um uso mais sustentável, por exemplo, através da criação de hortas e roças comunitárias, então, boa parte desses terrenos, poderiam ter até mesmo uma redução do IPTU, se fossem transformadas em áreas produtivas. É uma sugestão bem interessante, que já está sendo utilizada em alguns lugares do Brasil, gerando assim o desenvolvimento sustentável, que protege o meio ambiente, gera renda, valoriza a saúde das pessoas, e promove uma coisa chamada cuidado social, todos tem que ganhar, então quando você deixa a população sem conhecimento, ela começa a usar os recursos de forma predatória, trazendo mal-estar para si mesmos e para o meio ambiente.” Declarou.

Desde o último mês de julho, o Corpo de Bombeiros do Ceará (CBMCE) atendeu cerca de 10 ou 15 ocorrências de incêndios em vegetação, somente em Juazeiro do Norte, informou o porta-voz do Corpo de Bombeiros na região do Cariri, tenente Aílton, em uma entrevista. Ele destaca a importância do cuidado dos moradores, com bitucas de cigarro e fogueiras, e orienta os moradores a não fazer queimadas de forma alguma, para não potencializar os problemas ambientais.

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