No ano passado, 145 pessoas trans/travestis foram mortas no Brasil, segundo relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). Esse dado representa um acréscimo de 10,7% em comparação ao número de assassinatos registrados em 2022. Além dos casos, também foram contabilizados 10 casos de suicídio entre esse público no Brasil.
Os dados estão incluídos na sétima edição do Dossiê: Assassinatos e Violências Contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2023, que foi lançado no último dia 29, em comemoração aos 20 anos do dia da visibilidade trans. Em média, foram registrados 12 assassinatos por mês no país. Entre as vítimas, 5 eram ativistas da causa.
Os dados revelados pela Antra contrastam as estatísticas sobre os casos de crimes violentos registrados no país, uma vez que em 2023, o Brasil registrou uma queda de 4,09% no número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), enquanto os casos violentos contra a comunidade trans/travestis aumentaram.
São Paulo foi o estado com o maior registro de casos de assassinatos de pessoas trans, com 19 ocorrências. Seguindo no ranking, estão os estados do Rio de Janeiro (16 casos); Ceará (12); Paraná (12) e Minas Gerais com 11 casos. Nos estados do Acre, Roraima, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins não foram identificadas ocorrências; no entanto, a Antra revelou que pode haver subnotificação.
A maioria dos assassinatos aconteceu em locais públicos (60%). O restante foi registrado nas casas das vítimas, móveis, unidades de saúde e residências de terceiros. Além disso, 62% dos crimes aconteceram no período noturno.
Em 34 casos, não foi possível identificar as idades das vítimas. Das 111 vítimas que tiveram suas idades reveladas, 90% possuíam idade na faixa-etária de 13 a 39 anos. Entre os casos em que foi possível identificar a raça das vítimas, a Antra constatou que 72% dos casos se tratavam de pessoas pretas/pardas.
Além dos casos de assassinatos, o dossiê revelou que no ano passado, o país registrou 69 tentativas de homicídios contra a população trans, sendo 66 contra mulheres e 3 contra homens trans.
Por Rafael Silva com supervisão de Pedro Paulo Vieira
