quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Doação múltipla de órgãos no HRC ajuda pacientes na fila do transplante

Antes da realização do procedimento, silêncio total na sala cirúrgica. “Vamos respeitar um minuto de silêncio em homenagem ao paciente e seus familiares que autorizaram a doação”. Essas foram as palavras do cirurgião cardíaco Fernando Mesquita, antes de iniciar uma captação múltipla de órgãos, na manhã da última terça-feira (1º), no Hospital Regional do Cariri (HRC), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), em Juazeiro do Norte.

Essa foi a 27º captação na região do Cariri em 2023. Até o ínício de agosto, foram captados 10 órgãos e 17 tecidos. A doação múltipla incluiu coração, rins, fígado e córneas, que serão destinados a pacientes que aguardam na fila por transplantes.

O coração é um órgão sensível e não é simples de ser transplantado, pois precisa ser retirado e implantado em até quatro horas. É o que explica o cirurgião Fernando Mesquita. “No momento da captação aqui [no HRC], o paciente que está aguardando o transplante é comunicado e inicia-se a preparação dele, principalmente quando se trata de coração, onde o tempo é mais curto”, explicou.

O órgão captado no HRC tinha um destino: o Hospital de Messejana (HM), em Fortaleza. Foram pouco mais de duas horas entre a captação do órgão em Juazeiro do Norte, até a sua chegada no centro cirúrgico do HM. Para tudo dar certo em tempo hábil, é necessária muita sincronia entre as equipes médicas. “É uma força-tarefa. Antes de sairmos do Cariri, com o órgão já preparado para o implante, a equipe que vai receber o órgão começa a entrar na sala de cirurgia para começar o procedimento com o receptor. Tudo precisa estar preparado para quando chegarmos, já iniciarmos o transplante no paciente”, concluiu Fernando Mesquita.

Morte encefálica 

A doação de múltiplos órgãos só ocorre depois da constatação de morte encefálica (ME) pela equipe médica especializada. Embora a doação de órgãos seja fundamental para salvar vidas, o tema ainda carrega estigma e muitas famílias ainda recusam a doação. Nesse momento, o papel dos profissionais do hospital é fundamental para acolher os familiares e fazê-los entender todo o processo em um momento de dor.

Wagner Brito, enfermeiro da Organização de Procura de Órgãos e Tecidos (OPO) do HRC, é um dos responsáveis pelo trabalho de sensibilização, junto aos familiares. “Quando a morte encefálica é decretada, os familiares são informados e uma equipe especializada presta apoio emocional à família. Em seguida, oferecemos a possibilidade de doação de órgãos e tecidos”, explicou Wagner.

Ainda de acordo com o profissional, com o consentimento familiar o protocolo continua em andamento com a realização de exames clínicos e a Central de Transplantes é notificada para captação. “A doação é um ato de caridade e amor ao próximo que só Deus pode compensar. Um único doador pode beneficiar diversas pessoas que estão na lista de espera por transplantes”, finalizou.

No Brasil, a doação só é realizada após autorização de um parente. Por isso, é imprescindível informar à família sobre o desejo de ser um doador.

 

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