A Disney apresentou, no último dia 21 de outubro, a sua primeira protagonista plus size. Trata-se de Bianca, uma bailarina. Ela está no 6º episódio – chamado “Reflexo” – da segunda temporada de Pane Elétrica, uma série de curtas animados e produzidos por talentos do estúdio e disponível no Disney+.
Reflexo tem a estreia de Hillary Bradfield na direção; ela já havia trabalhado em Frozen 2 e Encanto como artista de storyboard. Antes do início da animação, há um depoimento de Hillary. Segundo ela, “Reflexo é sobre positividade corporal”.
A sinopse apresenta Bianca como “uma bailarina [que] supera sua dúvida e medo, canalizando sua força interior”. A bailarina se vê precisando lutar contra o seu próprio reflexo, que se racha em uma metáfora de como ela enxerga a si mesma: quebrada, devido a sua forma física.
“Criar a história a partir da perspectiva de uma dançarina pareceu natural, e é parte do treinamento perceber a própria postura e verificar as coisas no espelho. Então me pareceu uma forma muito boa de colocá-la naquele ambiente onde ela tinha que olhar pra si, mas ela não quer isso”, disse Hillary Bradfield.
Ao final, a diretora expressa o que espera que as pessoas sintam ao assistir o curta. “Eu espero que elas se sintam mais positivas sobre si próprias e com a própria aparência e se sintam bem com a parte difícil da jornada”, ressalta.
Impacto da produção
Em um mundo que clama cada vez mais por representatividade, ao mesmo tempo pode-se olhar o copo estando meio cheio ou meio vazio no que diz respeito a Reflexo. Copo meio vazio: é apenas um curta-metragem animado escondido em uma série dentro de uma plataforma de streaming específica. Copo meio cheio: é um início. E mesmo estando tão escondido, o fato chamou a atenção a nível mundial, o que certamente o estúdio já percebeu. Logo, é uma questão de tempo para um espaço maior, assim como a comunidade LGBTQIAP+ e a questão racial têm entrado mais em pauta nas produções mais recentes.
É justamente para esse fato que a psicóloga cognitivo comportamental Cristina Menezes chama a atenção.
“Sensibilizar para as diferenças. Esta é uma luta da qual não poderemos mais fugir! Durante muito tempo, o padrão de beleza ideal foi colocado como padrão existencial, especialmente influenciado pela mídia.
Romper com os estereótipos de beleza, além de trazer representatividade, possibilita ampliar reflexões tão importantes que vão desde às psicopatologias ligadas a alguns transtornos, como questões ligadas a autoestima e à inclusão”, disse.
Cristina ressalta, ainda, a questão da representatividade em poder ver personagens com características que não costumam – ou não costumavam – ter destaque em obras do estúdio e como um todo. “Colocar em evidência outras personagens que possam estar trazendo essa dimensão da realidade de inúmeras pessoas no mundo inteiro, eu já vejo com bons olhos”.